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Infertilidade Masculina e o Sonho de Ser Pai: Caminhos de Dor e Afeto

Quando se pensa em desejo de filhos, é comum associarmos esse sonho às mulheres. A parentalidade, entretanto, vem sendo cada vez mais idealizada também pelos homens não apenas pelo intuito de satisfazer a parceira, mas pelo desejo genuíno de criar, educar e se enxergar em sua criança. Há uma mudança em curso, a qual é demarcada por questões de ordem cultural, e por avanços nas reflexões sobre gênero e infância, por exemplo.


O contexto da infertilidade masculina deixa evidente as questões culturais e de gênero que atravessam a constituição e expressão do sonho de ter filhos. As pesquisas sobre gênero da psicóloga e filósofa Valeska Zanello* (2022), discorrem sobre as expectativas sociais e subjetividades que constroem o “ser homem” e “ser mulher” na atualidade. Considera que a masculinidade é construída com base no dispositivo de eficácia, o qual se expressa pela virilidade (boa performance sexual) e desempenho no trabalho (disponibilidade de dinheiro e status).


Considerar as dores de pacientes com diagnóstico de infertilidade nos leva a refletir necessariamente sobre as expectativas sociais e capacidade reprodutiva, bem como na forma como a sociedade “autoriza” homens e mulheres a sofrer. Não é incomum ouvir homens manifestando vergonha pelo diagnóstico por acreditarem que irão associá-lo à falta de virilidade (o que não é verdade). Além disso, culpam-se por não conseguirem realizar o sonho de suas parceiras.


Em um mundo onde ainda se associa masculinidade com força e desempenho, poucos são aqueles que se permitem expressar suas dores diante da tristeza e frustação por não conseguirem gerar um filho naturalmente. Poucos são os que choram e recorrem aos serviços de psicologia afim de receberem suporte para atravessar o processo árduo e tortuoso da reprodução assistida. No movimento de tentarem proteger suas parceiras e não querer preocupá-las, muitos calam a angústia colocando-se como coadjuvantes num processo que pode ser tanto mais leve quanto mais for compartilhado entre o casal.


Toda dor represada e toda angústia abafada, ganha intensidade. Na tentativa de serem fortes e cumprir com as expectativas em torno da masculinidade, os homens tornam-se vulneráveis às intercorrências pelo caminho e expressam esse sentimento com comportamentos que por vezes os distanciam de suas parceiras ou as deixam confusas quanto ao real desejo de filhos (ficam mais isolados, irritados, abusam do álcool, etc).


É cada vez mais urgente considerar os homens em sua totalidade e ampliar seus espaços de validação emocional. No contexto da infertilidade e da parentalidade, essa é uma via para que nossas crianças aprendam também com os pais que saúde e inteligência emocional são requisitos fundamentais para sermos homens e mulheres felizes e empáticos.



*Valeska Zanello: Livro A PRATELEIRA DO AMOR

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